dilluns, 27 de setembre del 2010

Tanto de meu estado me acho incerto

Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista un rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
Num'hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos nao possoachar um'hora.

Se me pregunta alguém porque assim ando
Respondo que nao sei; porem suspeito
Que só porque vos vi, minha senhora.


Luís Vaz de Camoes (1524-1580), Sonetos para amar o amor

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